domingo, 17 de fevereiro de 2013

Por onde anda Buga?



Buga, 30 anos depois da
glória na Ilha do Governador

Raimundo Marinho

Jornalista

O menino simples, de família humilde, foi o único livramentense (de Livramento de Nossa Senhora, Bahia) a brilhar, de verdade, até agora, em gramados do Brasil e do exterior, como jogador profissional de futebol. Nem João Santos, anos 1990 e nem Maurinho (Mauro Silva), hoje no futebol português, podem se comparar a ele.
José Alberto dos Santos, 54 anos, de tanto pedir a bênção ao tio Buganês, conhecido por Buga, acabou herdando dele o apelido. Mas onde está Buga, o herói da histórica vitória da Portuguesa carioca sobre o campeão Flamengo, em jogo memorável, no campo da Lusa na Ilha do Governador (RJ), em 1982?
Está em Livramento, onde trabalha carregando e descarregando caminhões. Em outubro de 2012, completaram-se 30 anos daquele jogo, onde fez dois gols, um deles o da vitória. Só o presidente do clube, Manoel do Céu Gomes, acreditava no time e prometeu um prêmio acima de Cr$ 15 mil a cada jogador, em caso de vitória.
Lutava para fugir da segunda divisão, o que nem a vitória emblemática evitou, mas Buga, aos 23 anos, ficou na história do time e do futebol brasileiro. Mas isso é quase que totalmente ignorado em sua terra. Nem nos campos de pelada o antigo artilheiro é visto mais, por problemas no joelho.

COMEÇOU EM SALVADOR

O herói da torcida lusa do Rio começou profissionalmente no Botafogo de Salvador e teve atuação destacada em outros times, até fora do país. Diferente de hoje, naquele tempo, os contratos eram rígidos e os jogadores explorados pelos clubes até não servirem mais.
O atleta ficava preso ao time que o contratava, recebendo baixos salários. Isso, segundo Buga, limitava a carreira e as possibilidades de ganhar dinheiro, ao contrário de hoje.
Às vezes, como no seu caso, ficavam sem jogar, mofando e envelhecendo no banco, mas não eram liberados. Com isso, o tempo passava e a carreira acabava, sem a recompensa merecida. Essa, aliás, é uma das poucas queixas de Buga. Mas lembra do “bicho” pago pela vitória contra o Flamengo, em 1982, de Cr$15 mil.
Confessa que não ficou rico com o futebol, mas também não lamenta. Perguntado sobre o que restou, em termos financeiros, daqueles tempos áureos, respondeu que nada. “A não ser a ajuda que pude dar para minha mãe, o que para mim foi tudo”, ressaltou.

GOL “E O VENTO LEVOU”

No jogo memorável, na Ilha do Governador, Buga marcou o gol da vitória, aos 30 minutos da etapa final, em cobrança de falta. Conta que aproveitou o vento a favor, que era típico do estádio local, na Ilha. Por essa razão, batizou o gol decisivo de “e o vento levou”.
Pouco antes, o grande Zico, em um gol olímpico, um dos dois únicos da sua carreira, havia empatado a partida. E tudo indicava que somente um “e o vento levou” poderia salvar a Lusa. E ele veio, dos pés de Buga, para surpresa dos flamenguistas e o delírio da torcida lusa!
O Buga ou José Alberto dos Santos de hoje, filho de “Zé Cearense” (José Virgínio) e D. Almerinda Francisca dos Santos, pouco lembra o atleta vigoroso dos anos 1980, mas os poucos livramentenses que ainda se lembram da sua carreira tem muita reverência por ele. 

ÚNICO A IR ADIANTE

Começou como amador, no Estádio Dr. Edilson Pontes, pelo Cruzeiro. Faziam páreo com ele, na época, entre outros, Chico de Beto, Tadeuzinho, Albercir, Caburé, Toe de Beto, Deda. Mas só ele foi adiante. Em 1977, aos 19 anos, passa a profissional, no Botafogo de Salvador.
Jogou no Francana (SP), Estrela (ES), Guarapari (ES), Campo Grande (RJ), Portuguesa (RJ), Tuna Luso (Belém-PA), Boa Vista (Portugal), Benfica (Portugal), Guaratinguetá (SP). Encerrou a carreira no Colatina (ES), em 1988, aos 30 anos de idade.
Vive solteiro, sem filhos, e continua pagando o INSS, na esperança de um dia se aposentar, seu principal plano de vida, no momento.


(Colaborou para elaboração desta matéria, enviando dados e material, o professor Jânio Soares Lima, de Livramento)


Fonte visitada no dia 17/02/2013: http://mandacarudaserra.com.br/

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Por Onde Anda Antônio da Natividade?

Antônio da Natividade ao Centro

Continuamos na busca incessante do resgate da história do Futebol da nossa região. A procura pelo passado nos leva a crer que o esporte, mesmo com as inumeráveis dificuldades, naqueles tempos tinha mais organização, vontade e paixão por parte daqueles que faziam o espetáculo do que nos dias atuais.

Há alguns dias, deparamos com uma placa na parede da sala dos Árbitros no Estádio João Tanajura em Paramirim. O seguinte dizer estava e está estampado na placa: “Sala Antônio da Natividade 'Tõe Preto' Homenagem a uma Pessoa que tanto contribuiu para o nosso Futebol. Durval Marques Leão Prefeito Em 16 - 09 - 88”.  Indaguei algumas pessoas ligadas ao esporte que estavam ali presentes sobre quem seria Antônio da Natividade, não obtive resposta. Se ele ganhou uma homenagem é porque algo ele tenha realizado. Conversando com meu pai (Dormário Viana Cardoso) ele nos disse que o homenageado foi um dos melhores goleiros do futebol da nossa região e nos deu mais detalhes, esses fazem parte deste texto. Antônio da Natividade, como quase todos de Paramirim e Érico Cardoso, também teve um apelido, Tôe Preto. A história nos mostra que a princípio ele residia em Paramirim, mas certo tempo casou-se com uma moça de Água Quente e para lá foi morar. No futebol defendia as cores do Bangu e da Seleção local, foi por muito tempo, juntamente com os zagueiros Gentil e Mirim, o Trio Final da Seleção de Água Quente. Trio Final era os três homens da defesa, os dois zagueiros e o goleiro. Tôe Preto era goleiro, contudo nos treinos gostava de se aventurar pelo ataque, era cheio de peripécias. No gol adorava ficar adiantado, quando a bola vinha alta ele simplesmente a deixava passar somente para apanhá-la de costas, parecia a um gato. Pelo corpo carregava muitas marcas e calombos, como não tinha medo, mesmo em campo de terra batida, voava da forma que fosse para fechar o gol, nesses pulos e nos vários contatos com o chão nasciam e cresciam os hematomas. Quando o emprego ficava difícil na região era obrigado a se mandar para São Paulo. Nesse vai e vem, em um dado dia, retornava a sua terra natal, porém por aqui não chegou, no ônibus apenas vieram as sua malas. O que teria acontecido com Antônio da Natividade, ninguém sabe dizer ao certo. Uma pessoa foi até São Paulo na época para ver se encontrava notícias dele, tudo em vão. Faz uns quarenta anos desse acontecimento. Antônio da Natividade é pai de Sonzinho que jogou um bom tempo pela Seleção de Paramirim.

Não conhecemos a história dele enquanto viveu em Paramirim.

Se você, leitor, tiver mais dados para acrescentar sobre Antônio da Natividade fique a vontade para deixar o seu comentário.
Antônio da Natividade Campeão em 1964 pelo Bangu

Homenagem a Antônio da Natividade